segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Alem da casca!

Sempre disseram que sou bonita.
Com uma frequência maior ou menor dependendo do meu peso, que desde bebê oscila muito.
Claro que tem gente que me acha feia e em certos dias eu assino em baixo, embora a opinião alheia nunca tenha feito muito diferença nesse quesito.
Cresci moleque. Um moleque feliz, que coleciona cicatrizes nos joelhos e cotovelos. Que tem marcas de arranhões e muita coisa boa pra contar.
Só que eu cresci.
Lembro claramente de que, quando era menina e as pessoas diziam que eu era linda, queria que elas dissessem que eu era inteligente, esperta... essas coisas. Nunca quis ganhar nada através da beleza.
Vai ver seja por isso que sempre fui um tanto relaxada com a aparência.
Nunca liguei para aparentar. Sempre quis ser.
E sempre fui.
Amigona, inteligente, divertida, bom papo, leal. Nunca me senti perdendo nada por não ter medidas de "Miss". Sempre consegui trabalhar com o que queria, sempre fiz bons amigos, namorei o quanto quis.
Sempre consegui, na garra, no papo, no esforço, o que queria.
Só comecei a me ligar nessa coisa de beleza quando fui fazer teatro.
Era necessário. E chato.
Mas se era pelo teatro valia a pena.
E ai sim, eu adorava estar linda.
Mas o tempo passou, as necessidades da vida me afastaram dos palcos, vivi outras coisas, engordei.
Muito.
E descobri que mesmo algumas pessoas que você acha que te amam pelo que você é, não pela sua aparência, que você acha que gostam da essência, da pessoa, podem ser vazias a ponto de só enxergar o exterior, aquela harmonia entra a medida do busto, da cintura e do quadril e o tamanho das suas bochechas.
Mas que uma decepção ou mesmo um incentivo para mudar, coisas assim me fazem pensar se nessa vida existem pessoas que merecem de verdade seus sentimentos.
Claro que temos excessões. Tipo aqueles amigos que te dizem que você pra eles é homem. Isso é deverás libertador. Mas no geral, perde-se muito da fé nas pessoas e, embora seja vazio a beça dizer isso, começo a admirar as mulheres que usam a beleza e o corpo para manipular os outros.
Tem gente que merece isso.
Merece mesmo.
Termino esse desabafo pedindo desculpas a quem está acostumado a ler coisas, no mínimo, poéticas aqui e dizendo que embora as vezes não seja tão fácil, aparência a gente sempre pode transformar, mas que essência ninguém muda.
Mantenho a minha cristalina e bonita, bonita não, linda, como sempre foi!
E lamento muita coisa por quem não sabe enxergar isso no outro e por isso perde e vai perder sempre pessoas que podem fazer toda a diferença na vida deles.

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