sábado, 26 de outubro de 2013

Silencio

Dizem por ai que mais sinceras palavras são ditas em silencio. 
Eu nunca lidei bem com certos silêncios. Sempre fui de sons, de palavras, de músicas, de sussurros. Nunca soube lidar com ausências na verdade e silencio, falando a grosso modo, é a ausência de sons. 
Não que o silencio puro me incomode. Longe disso. Eu gosto muito mais do silencio, daquela silencio que a solitude permite, aos sons e à verborragia sem sentido que muitas vezes invadem os meu mundo particular, fazendo tudo parecer confuso, caótico e estressante. Eu gosto da minha companhia. Gosto de poder colocar os pensamentos em silencio e ver tudo acontecer como acontece. Talvez não como eu gostaria que fosse, mas como é. 
Ai a gente vive um pedação da vida.
Um pedação que quando você tem só 3 décadas é tempo pra cacete aprendendo outras formas de se comunicar com algumas pessoas. E, por mais que isso pareça improvável, funciona. E funciona numa intensidade maior que qualquer palavra falada. 
E ai vem os fins, os pontos finais, o silêncios pesados e cheios de significados. Aqueles silêncios que gritam mais alto que o coro das multidões. O silencio que te tira o sono, as esperanças, a vontade de continuar. 
Cessam as comunicações por vias "especiais". 
E cessam não querer. Cessam porque não fazem mais sentido. 
O silencio vira ausência. E dói. 
A gente deixa de ouvir, deixa de sentir. 
Morre. Cada dia um pouco. A gente acha até que nunca mais vai conseguir levantar a cabeça e olhar com fé e confiança de novo para outra boca, outra voz, achar que nunca mais vai conseguir compartilhar pensamentos.
Mas, como também dizem por ai, o tempo cura tudo e quando não cura ameniza. 
A gente levanta, vive um dia de cada vez e descobre que dá pra ir adiante sim.
E vai. 
E deixa para trás toda e qualquer forma de comunicação que não seja real. Falada e ouvida. Que possa ser facilmente compreendida. 
Sem espaço para fantasias. 
Daí um dia a gente vê que tudo o que lutamos pra transformar em direto e palpável não foi absorvido pelos outros. Que eles ainda acham que não usar palavras diretas ainda vai funcionar. Ai uma pequena brecha, um arranhão pequeno se abre naquela ferida recém cicatrizada. Percebemos que essa dor não serve mais. 
Band-aid e vida que segue porque não vale a pena deixar sangrar de novo. Já doeu o suficiente. 
Não me servem mais palavras com qualquer margem de erro de interpretação ou entendimento dúbio.
E saber que isso é real para a vida de agora basta. 
Como cada um se basta em determinados momentos da vida. 
Como agora. 

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